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Artes & manhas | A morte de Ziraldo e as reflexões que ela nos traz

Por: Luís Bogo
08/04/2024 15:58 - Atualizado em 15/04/2024 20:41
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Divulgação Uma das capas mais famosas de "O Pasquim", com a atriz Leila Diniz
Uma das capas mais famosas de "O Pasquim", com a atriz Leila Diniz

Ziraldo Alves Pinto, genial escritor e cartunista faleceu no último domingo, 07 de abril, aos 91 anos, após um longo período de dor e sofrimento. Está sendo lembrado pela mídia principalmente por suas criações dedicadas às crianças, em especial pela criação do Menino Maluquinho, livro que já vendeu mais de 4 milhões de exemplares. Mas a minha opinião é que sua maior contribuição para a cultura brasileira está na sua participação no extinto jornal “O Pasquim”, editado entre 1969 e 1991.

Embora alternativo, “O Pasquim” reunia alguma das melhores cabeças pensantes do jornalismo na época: além de Ziraldo, lá estavam como colaboradores ou na equipe fixa, Jaguar, Henfil, Sérgio Augusto, Alberto Dines, Aloysio Biondi, Newton Carlos, Alfredo Sirkis, Fernando Gabeira, Herbert Daniel e Liszt Vieira, Zélio, Sérgio Cabral (pai) e Tarso de Castro, entre outros geniais que não me recordo no momento.

O AI-5, ato que instaurou a ditadura no Brasil e provocou centenas de prisões injustas e mortes violentas, foi promulgado em 13 de dezembro de 1968. Um dia depois, Ziraldo foi preso no Forte de Copacabana. Foi preso em função das charges que publicava com mensagens de resistência ao opressivo regime militar. No período mais sangrento dessa ditadura, bancas de jornais que vendiam “O Pasquim” foram incendiadas, o que colaborou para o fim do jornal.

Depois de ser liberado, foi preso mais duas vezes. Mais tarde declarou: “morríamos de medo, mas fazíamos de tudo”.

Anos depois, foi anistiado e recebeu uma indenização do estado pela perseguição que sofreu durante a ditadura, junto com outros 20 jornalistas; mas, ao ser criticado sua resposta foi direta, clara e objetiva: Eu quero que morra quem está me criticando. Porque é tudo cagão e não botou o dedo na seringa. Enquanto eu estava xingando o João Figueiredo (último presidente da ditadura) e fazendo charge contra todo mundo, eles estavam servindo à ditadura e tomando cafezinho com o Golbery do Couto e Silva, um dos idealizadores do golpe com atuação firme no regime ditatorial. Então, qualquer crítica que se fizer em relação ao que está acontecendo conosco eu estou me lixando.

Assim, penso que Ziraldo deve ser mais lembrado pelo fato de hoje vivermos num regime democrático e em plena liberdade do que pelas suas criações infantis, embora elas tenham trazido muita alegria para milhões de crianças em todo o Brasil.


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